sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Brasil não é hexa, mas eu já fui.

(antes de mais nada: esse post não foi feito com o intuito de eu "me achar". Não é nada disso, é apenas que eu li uma matéria e me deu vontade de escrever).
Eu não vou ser hipócrita e dizer que penso em vestibular desde que nasci. Não é verdade. Menos verdade ainda é eu dizer que desde o inicio do meu primeiro ano eu penso em vestibular. No meu primeiro ano eu só pensava em duas coisas: meus 15 anos e meu intercâmbio. Um tanto fútil, eu sei. Mas ai, veio a prova da UEPA (Universidade Estadual do Pará) - ou melhor dizendo, a primeira prova da UEPA. Gente, eu me ferrei muuuuuuito!
Ai bateu a realidade: eu não teria 15 anos para sempre muito menos poderia viver eternamente num intercâmbio (por mais que eu quisesse).
Veio o segundo ano.
Muita coisa mudou em 2009. Mudou as turmas, algumas amizades e, claro, a minha mentalidade. Não sei, mas acho que tais mudanças que ocorreram na melhor época possível. Eu estava com nota baixa, e para o curso que eu queria, essa nota simbolizada um adeus. Eu queria fazer Engenharia de Produção! Quanta viagem, eu sei. Eu não queria de fato esse curso, mas só de pensar que eu poderia dizer que passei num curso concorrido como esse (na época, era um dos mais), já me dava vontade de fazer. Eu era ridícula, mas há certas coisas que somente depois de um tempo a gente percebe quanto é idiota.
Mas sim, eu estudei muito esse ano. Posso até dizer que esse foi o "ano da virada". Fiz revisão final num cursinho, e consegui melhorar a minha nota na UEPA.
Por fim, veio o terceiro - e ultimo - ano.
Enquanto muitos pensavam em aproveitar o terceirão de certos modos, eu pensava em aproveitar ele estudando o máximo que pudesse. 2010, eu matei de estudar. Me matriculei num cursinho em março, e só saí de lá em dezembro - na véspera da prova da UFPA. 2010, foi o "ano do tudo ou nada". Eu queria direito, um curso concorrido. Eu não apenas passar em direito, eu queria passar em direito na UFPA (Universidade Federal do Pará) - o vestibular mais cobiçado do estado.
Eu acordava às seis e só ia dormir depois da meia noite. Eu acordava e ia pra escola, e saia de lá quase uma da tarde, isso quando não tinha retorno. Eu fazia cursinho de todas as matérias, da física ao inglês, de segunda a sábado (isso quando não tinha aula domingo). Minha escola não tem convênio, logo me matriculei num cursinho assim.
No segundo semestre, próximo do ENEM, eu me matriculei num curso de redação.
Eu não tinha mais tempo pra nada, minha mãe queria que eu cancelasse meu francês e mudasse para um cursinho menos puxado. Não aceitei nenhum deles. Eu não ia parar meu francês jamais, por mais que eu tivesse que me dividir em mil, eu não ia parar nenhum curso por causa do vestibular. Eu sabia no fundo, que eu daria conta de tudo.
Me desesperei muitas vezes. Eram provas, trabalhos, resumos e até um filme para fazer nesse apareceu. Mas eu fiz tudo, e tenho orgulho de dizer, que me exigia ao máximo para não falhar em nada. Minha mãe é exigente claro, meu pai também. Mas a pessoa que mais fazia pressão psicológica em mim era eu mesma. Eu tinha que fazer tudo perfeito. A partir do momento que aceitei não parar nada e fazer essas múltiplas tarefas, eu estava aceitando também toda a responsabilidade por um possível fracasso.
Mas o fracasso - graças a Deus, não veio.
Uma pausa. Cara, eu não acho que não passar no vestibular seja um fracasso. Eu acho um fracasso aquele não tentou por medo de errar. Acho vitorioso aquele que dedicou o máximo que pode (cada um conhece os seus limites) e que pôs a cara a tapa quando encarou o vestibular. O vestibular não é para todos, mas sim para aqueles que tem a coragem de encarar.
Voltando.
No meio do ano eu fiz vestibular valendo pela primeira vez - até então a UEPA, que é seriada - não estava valendo de fato (minha mentalidade), pois não havia até então o chamado listão e bem, não era meu curso. Era a UNAMA. Curso de Direito. Eu fiz sem muitas expectativas, pois a concorrencia tava alta, e Direito era o mais concorrido. Eu tava tão desacreditada que ia passar que nem me liguei no resultado. Eu estava assistindo uma aula de Português quando duas amigas vieram correndo me contar que eu tinha passado. Eu fiquei muito feliz. Eu senti que estava no caminho certo.
Fim do ano: ENEM.
Eu estava com muito medo do ENEM, pois ele era a primeira fase na UFPA (sendo que foi a primeira vez que a UFPA usou esse método). Primeiro dia: ameei o enem! Mas ai no segundo dia teve a redação. Trabalho. Nunca me perdi tanto num tema. Eu deixei a redação por ultimo, e a entreguei com muito medo de zerar.
Depois veio o vestibular das particulares: UNAMA e CESUPA. Unama eu fiz por que caso eu não passasse na ufpa, eu ia cursar ela. Passei. Cesupa eu fiz meio que na graça, nem ia fazer, mas uma semana antes minha mãe vira: "Ei faz esse vestibular do Cesupa, bora ver o que dá". O que deu: eu passei.
Mas então veio as publicas. Na ultima fase da Uepa, eu precisava desesperadamente acertar 50 questões de 55 no total se quisesse pensar em passar no meu curso - Sec. Executivo Trilingue. Eu não acertei isso, mas passei.
No dia do resultado da uepa, foi tão...engraçado! Na Uepa, tem prise e prosel, e eu fazia prise. Liguei o radio meio que atrasada, e já tava no meu curso. Eu não ouvi meu nome. Fiquei sem palavras. Uma amiga me liga e diz que eu tinha passado. Eu neguei, não tinha ouvido meu nome. Mas assim como 80% das pessoas que fizeram Uepa, eu escutei o listão errado. Eu escutei Prosel. Eu fazia Prise. Eu passei na uepa, um vestibular que eu quase dou como perdido.
Um tempo depois, veio a UFPA. Meu curso, minha universidade (gente possessiva é um caso sério). Eu tava tãão nervosa! Meu curso foi o terceiro a ser lido, e meu nome, lá pro fim por causa da inicial, quase me mata do coração. Quando eu ouvi meu nome, meu deus. Nunca chorei tanto por ouvir meu nome, nunca tive tanto orgulho. Nunca fiquei tão feliz.
De brincadeira, resolvi usar minhas notas do ENEM (que não tavam tão ruuins). Me inscrevi no SISU (Sistema de Seleção Unificada) para Direito integral na UFF (Universidade Federal Fluminense). Depois de uns dias, veio o resultado: eu passei. Eu fiquei muito feliz, por que pensava que eu jamais ia ser aprovada numa universidade fora do estado, o que dirá então de uma federal no Rio de Janeiro.
No sim das contas, passei em seis vezes no vestibular (UNAMA (2x), CESUPA, UEPA, UFPA e UFF). Pois é, o Brasil não é hexa, mas eu já fui.

3 comentários:

Aline Reis disse...

Amiga, parabéns, mereces muito tudo o que conquistaste.

Maurício Braga disse...

Parabéns. Depoimento muito bom, mesmo!

Ana disse...

Querida, gostaria de saber se pode me tirar algumas duvidas: A Uepa oferece curso de direito? Como funciona o processo seletivo? sei que tem programa seriado mas nao entendi muito bem pois sou de fora da cidade.
E como funciona o processo seletivo da UFPA? desculpe o incomodo mas achei que poderia me ajudar. Meus parabens pelas conquistas, sei na pele o que passaste! Desde já, muitissimo obrigado!